Quem sou eu

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Sou um interessado em vinhos que não tem a pretensão de querer ensinar nada a ninguém. Quero trocar informações e experiências, pois meu objetivo é conhecer melhor para apreciar melhor.

Adoro viajar, conviver com amigos, comemorar datas festivas, estar em família, comer uma boa comida, viver as emoções, sorrir, pensar e ser feliz e acredito que o vinho pode proporcionar ou estar presente em tudo isso.

Sou um entusiasmado que descobriu que o vinho pode ser muito mais do que uma simples bebida e diz: “O vinho é a bebida que emociona!”.

Muito prazer, meu nome é Carlos.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um pouco sobre o Vale do Loire

French River Town de Bonnie Mincu

     A partir de agora está inaugurada a seção "Destinos de Viagem"! Seu objetivo é oferecer um pouco de informação sobre lugares que são referência para o enoturismo. Aqui tentarei falar um pouco sobre as particularidades e especialidades da cidade, país ou região escolhida como tema. Neste mês o tema é o Vale do Loire, região francesa que muito tem a oferecer. Portanto, amigo, se você vai ou planeja ir até lá... Aproveite! Espero que as informações lhe sejam úteis. Caso contrário, se seu destino é outro, mande um e-mail para letourdevin.brasil@gmail.com que terei prazer em escrever sobre o seu destino.
     Ahhh... e se for do seu interesse compartilhar a sua experiência, escreva-me que juntos publicaremos um post sobre a sua viagem.
      Bon Voyage!



         O Rio Loire nasce nas montanhas a oeste de Borgonha e deságua no oceano Atlântico. É o rio mais longo e lento da França, sendo também considerado um dos mais importantes e charmosos pois, ao longo de seu curso, é possível encontrar inúmeros châteaux e castelos. No ano 2000 recebeu o título de patrimônio mundial da Unesco sob a denominação de paisagem cultural.

     O Vale do Loire, que também é chamado de jardim da França, serviu de área de lazer à corte francesa no passado e permanece até hoje como local de férias de muitos franceses, atendendo a todos os que buscam por beleza natural, história, lindos castelos, bons vinhos e boa mesa.
    
     A diversidade de solos do vale aliada as variedades de uvas e ao clima predominatemente frio onde verões quentes e longos são exceções, resulta em vinhos de características e estilos variados que, apesar da influência de Bordeaux e Borgonha, apresentam uma identidade vinícola própria sendo charmosos e frescos feitos, em grande parte, por pequenas famílias produtoras.

     As variedades de uva mais cultivadas são a Sauvignon Blanc, Chenin Blanc, Melon da Bourgogne ou Muscadet, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Gamay, com destaque para as primeiras, pois a produção de vinhos brancos representa 52% do total. Hoje, o Vale do Loire é o terceiro maior produtor de vinhos AOC (Appellation d'origine contrôlée) na França, atrás somente de Bordeaux e do Vale do Rhône.

     Para falar um pouco sobre o Vale do Loire podemos, partindo da costa do atlântico para o centro da França, dividi-lo em quatro partes: Pays Nantais, Anjou-Saumur, Touraine e Loire Central.

PAYS NANTAIS
    Situa-se próximo ao oceano atlântico e é a região do Muscadet, um vinho branco, seco, pungente, jovem, frutado, cremoso, fresco, elegante, ácido e, às vezes, um pouco frisante, feito com uma variedade de uva chamada Melon de Bourgogne. Trata-se de um vinho perfeito para acompanhar pratos feitos com frutos do mar ou com um toque de limão, uma das mais felizes harmonizações do mundo gourmet.
    A AOC (Appellation d'origine contrôlée) de maior prestígio é a Muscadet de Sèvre ét Maine sendo que os melhores vinhos possuem a inscrição "Sur Lie" no rótulo que significa que o vinho ficou quatro ou cinco meses em contato com a borra nos barris de fermentação e foi engarrafado sem ser filtrado, processo que dá ao vinho um sabor rico e um leve frisante natural.
    Nantes, a principal cidade, também é famosa pelos frutos do mar e pelo queijo Crémet, feito com leite de cabra.

ANJOU-SAUMUR
    A uva de maior destaque na região é a Chenin-Blanc, uma variedade muito eclética que origina excelentes vinhos, incluindo vinhos doces e botritizados. No entanto, em Anjou, apesar da grande qualidade dos vinhos feitos com Chenin Blanc, a produção de rosés representa mais da metade do total dos vinhos produzidos na localidade, cabendo destacar a fama do Rose d'Anjou e do Cabernet d'Anjou. Já em Saumur, merecem destaque os tintos feitos com Cabernet Franc e os espumantes, que acabam sendo uma opção segura àqueles que desejam qualidade mas não querem ou não podem bancar os custos da Champagne.
     Nesta região, a Chenin Blanc encontra seu ponto alto na AOC Savennières, que origina um vinho branco, seco, meio ácido, aromático e de vida longa. Mas, quando a natureza permite que a uva alcance seu maior ponto de maturação, é possível produzir fantásticos vinhos doces que estão entre os melhores do mundo. Uma AOC de referência é a Coteaux du Layon.
    
TOURAINE
    Região que também se destaca pelos vinhos brancos feitos com Chenin Blanc, em especial os da AOC Vouvray e Montlouis. Mas, em Touraine, a Chenin Blanc não é a única protagonista. É daqui que saem os melhores vinhos tintos do Vale do Loire, mais especificamente das AOC's Chinon, Bourgueil e Saint-Nicolas de Bourgueil. São vinhos feitos com Cabernet Franc, varietais ou não, tendo em sua composição, no máximo, 10% de Cabernet Sauvignon. São vinhos leves e aromáticos, mas também existem rótulos bastante complexos.

LOIRE CENTRAL
     Loire Central está na parte leste do vale, mais ao centro da França. Aqui os destaques são os vinhos feitos com Sauvignon Blanc, em especial os das AOC's Sancerre e Pouilly-Fumé. São vinhos com bastante frescor e muito secos que, provavelmente, são os mais famosos de todo o Vale do Loire.
     O Sancerre tem uma acidez cortante e ainda assim consegue demonstrar leveza e um frutado vigoroso. O Pouilly-Fumé é um vinho redondo que chama atenção pelo equilíbrio entre a acidez e a fruta madura, pelas notas minerais e pelo sabor ligeiramente defumado.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O momento da Malbec

     A semana passada foi dedicada ao malbec. Em casa, tivemos duas oportunidades de beber um vinho e, nas duas, o destino nos reservou um malbec argentino. A experiência foi ótima, pois havia tempo que não degustávamos um.
     Uma das oportunidades surgiu num almoço…
          - Lilian, que tal um vinhozinho? - sugeri à minha esposa, já indo em direção à adega.
     De dentro da cozinha ela respondeu:
          - Boa idéia! Eu ía mesmo sugerir isso.
          - Ótimo! - pensei, enquanto examinava as possibilidades da adega - Vamos beber um vinho e ela ainda vai escolher o rótulo.
          - Qual vinho você quer? - perguntei, tentando saber qual rótulo ela gostaria de beber.
     Percebendo que o silêncio persistia alguns demorados segundos e que a resposta seria a minha indicação para sommelier do dia, me antecipei e insisti:
          - Você tem alguma preferência?
          - Ahhhh... Escolhe um legal, mas que não seja muito caro. - respondeu ela, acabando com a dúvida de quem escolheria o vinho naquele dia.
     Diante de uma adega abastecida com quarenta vinhos e com o desafio de escolher apenas um, retomei a orientação da Chef e pensei:
          - Bom e não muito caro… Argentina! Maravilha, faz mesmo bastante tempo que não bebo um Malbec.
      Com a decisão tomada, não hesitei. Fui direto na garrafa do Latitud 33. Abri o vinho e, como manda o costume, me servi com uma pequena quantidade para avaliar o vinho.
     Hummm… bom! Daqui uns instantes ele vai estar jóia! - pensei.
     Durante o almoço, aproveitei a habilidade da Lilian em identificar aromas e perguntei:
          - Veja se você sente algum cheiro?
     Após alguns momentos concentrada em sua taça, ela disse:
          - Acho que tem baunilha.
     Logo aproximo meu nariz da taça, mas antes que eu pudesse sentir qualquer coisa, ouço:
          - Sei não… mas percebo cereja também.
     Aproveito as dicas, me concentro e, não sei se sugestionado pela habilidade de minha esposa, identifico os aromas. Que satisfação!
     Então, chega a hora da análise gustativa e, após alguns bons goles, descrevemos o vinho à nossa maneira:
          - Bastante fruta, né?
          - É. Bem encorpado também, não?
          - Taninos evidentes mas agradáveis, você não acha?
          - É sim! Repara como os taninos enrugam as laterais da língua.
          - Gostei. Bem equilibrado!
          - Se respirar um pouco vai ficar ainda melhor.
     E ficou!

MALBEC 

     Uva originária da França, onde também é chamada de Côt, pouco reverenciada na França, mas utilizada em cortes por causa de sua cor e seu corpo. É uma das cepas permitidas em bordeaux e utilizadas no corte bordalês.
     Encontrou sua maior expressão na Argentina, hoje maior produtor mundial de vinhos com esta variedade, onde resulta em vinhos de excelente equilíbrio, concentrados, sedosos, taninos potentes, vivos e com alto teor de álcool.
     Variedade que se adapta bem a regiões altas e com grande insolação.
     Aromas e Buquê: Frutas negras, frutas vermelhas, especiarias e violetas. Quando cultivada no terroi francês pode apresentar notas que lembram caça.



SUGESTÃO DE EXERCÍCIO

    Compre um Malbec argentino de preço popular com alto teor alcoólico.
    Concentre-se na degustação do vinho e perca alguns minutos tentando mensurar os taninos, a acidez, o extrato e o álcool.
    Classifique-os em: nenhum, mínimo, moderado, médio, bastante e muito.
    Busque identificar se o vinho está em equilíbrio. A qualidade desses fatores e o equilíbrio entre eles é que fazem a qualidade de um grande vinho.
    Perceba que, provavelmente, o vinho tem muito extrato, álcool e taninos. Todos bem evidentes. No entanto, neste caso, o "X" da questão estará na acidez. É comum que produtores, em busca de um vinho muito encorpado, frutado, com taninos mais palatáveis e pronto para o consumo, tenha protelado demasiadamente a colheita e sacrificado a acidez da uva com o propósito de obter frutos bem maduros. Resultado: um vinho com muito álcool, corpo e fruta, que agrada no início, mas se torna enjoativo pela falta de acidez.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A complexidade do vinho - A Uva

     O vinho é diferente. É a mais complexa e exigente de todas as bebidas. Insisto nisso! Necessita de acompanhamento próximo em todas as fases de sua produção e, em seu momento auge, na hora da degustação, ainda escolhe a taça, a temperatura e a comida. Exigente, não?
     Agora sobre a complexidade, tendo em vista que o clima, o mundo, a natureza, a ciência e o ser humano estão em evolução, sofrem constantes mudanças e que essas variáveis não são analisadas separadamente, o assunto vinho se torna inesgotável.
     Fazer um vinho não pode ser uma aventura. É um projeto! E o produtor, antes de começar a empreitada, precisa estudar as variáveis, combiná-las e chegar a um denominador comum chamado PROJETO VINHO. Esse é um momento crucial, onde qualquer falha pode resultar num vinho ruim e significar o fracasso do investimento. As variáveis são: Uva, Clima, Solo e Vinificação. Hoje falaremos sobre a uva.

A Uva
 


     A escolha da variedade da uva é de grande importância, visto que existem inúmeras possibilidades, mas pode haver alguma mais indicada às condições climáticas da região. Exemplos: a Pinot Noir e a Tempranillo são uvas que amadurecem cedo, mas a Pinot Noir é mais apropriada para regiões de clima frio e a Tempranillo para regiões de clima quente. Uvas de amadurecimento tardio são mais recomendadas para regiões onde a chuva demora a chegar pois, do contrário, na tentativa de salvar as uvas, forçaria a colheita precoce podendo resultar em vinhos desequilibrados e desinteressantes.
     Outros fatores importantes relacionados às uvas são: a idade da vinha, a poda correta e a condução dos galhos. Tanto a poda quanto a idade da vinha estão relacionadas à produtividade. Vinhas antigas e podadas corretamente produzem menos uvas mas, em conseqüência disso, mais concentradas e melhores. A condução dos galhos pode favorecer a exposição solar e, conseqüentemente, a concentração de açúcares.
     Acredito ser por tudo isso que algumas variedades de uva acabam por identificar determinadas regiões, funcionando até como cartão de visitas e bandeira da região.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vinhos recomendados - Janeiro 2012



     Apesar do "batismo" de grande parte dos brasileiros ter sido com o inesquecível "vinho branco alemão da garrafa azul", é fácil perceber que a preferência da maioria mudou e gira em torno dos vinhos tintos. Até aí, tudo bem! Também estou nesse grupo. Ah, então tá tudo perfeito, certo? Que nada! O objetivo desse papo é a forma como cada um vê o vinho branco, não o tinto.
     Não sei você, mas conheço muitos que afirmam: "Adoro vinho, mas só bebo o tinto." Se você é um desses, agora é a hora de começar a rever os seus conceitos, pois existem vinhos brancos excelentes e muito conceituados e, ainda, casos em que o vinho branco é o protagonista sendo o principal responsável pela reputação da região ou do país produtor de vinho.
     Hoje indico um vinho branco e um tinto e, aproveitando para sugerir um norte aos que, por ventura, decidiram rever alguns conceitos, recomendo a degustação de, ao menos, uma dessas opções: Chablis, Sauvignon Blanc/Nova Zelândia ou um Chardonnay/Califórnia. São todos referências mundiais de qualidade.


Santa Helena Reservado 2010 - Viña Santa Helena


     Se você procura um bom vinho para o dia-a-dia, acho que encontrou. O Santa Helena Reservado é um vinho justo e vale cada centavo pago por ele.
     Relacionado pela revista Veja, edição 2245, na matéria "O teste dos bons e baratos", publicada pela Editora Abril em 30 de novembro de 2011, ficando em terceiro lugar no ranking.
     Ótimo vinho para o dia-a-dia e também para as ocasiões em que é necessário comprar bastante quantidade, moderar nos gastos e manter a qualidade, tais como aniversários ou casamentos.

Produtor: Viña Santa Helena
Origem: Chile
Região: Valle Central
Uva: Cabernet Sauvignon
Teor Alcoólico: 12,5% Vol.

Informações Vermelho escuro com tons violáceos. Bastante frutado e bem equilibrado. Harmoniza bem com carne vermelha e churrasco.



Alamos Chardonnay 2009 - Catena Zapata


     Vinho fino, rico e encorpado que, além de ser agradável e fácil de beber, tem ótima relação custo-benefício. Para Robert Parker, é um "marvellous value". Indicado como "Best Buy" pela Wine Spectator pelo quinto ano consecutivo e, segundo Jancis Robinson, "uma incrível barganha"!
     A chegada do verão pode ser uma bela oportunidade para a degustação de um vinho branco. Aproveite a chance e, com um belo prato de camarão, deguste esse vinho e desmistifique o vinho branco.

Produtor: Catena Zapata
Origem: Argentina
Região: Mendoza

Uva: Chardonnay
Teor Alcoólico: 13,5%

Informações: Envelhecido com as borras por 6 meses em barrica de carvalho 100% francês. Harmoniza bem com frutos do mar e camarões.